Deixar para trás o estresse da
cidade grande e pegar a estrada é um ritual sagrado para os brasileiros
nos meses de férias. É nessa época também que acontece a maioria dos
acidentes rodoviários, sendo que muitos deles são causados por falhas
mecânicas, principalmente devido à falta de manutenção preventiva do
veículo. Mesmo assim, muitos motoristas ainda arriscam e viajam com o
carro em estado irregular, o que coloca em risco a sua vida e a de
outros condutores.
Uma
viagem segura depende de um veículo confiável e cabe ao profissional da
reparação alertar seu cliente quanto aos problemas que pode enfrentar
caso seu carro quebre no meio do caminho. Além disso, para incentivá-lo,
nada melhor do que oferecer promoções de serviços, peças e pagamentos
facilitados, atrações que aumentarão o fluxo da sua oficina e a
satisfação do seu cliente.
A revisão antes de pegar a estrada
vai muito além de abastecer, calibrar os pneus e verificar o nível de
óleo no motor e de água no radiador. A recomendação dos fabricantes de
veículos e autopeças é inspecionar itens vitais para o bom rendimento e
confiabilidade do veículo, tais como filtros, luzes, freios, pneus etc.,
principalmente se o carro não está acostumado a rodar longos percursos.
Check List
Combustível e lubrificantes
Quando
o assunto é combustível, oriente seu cliente a abastecer sempre em
postos autorizados e com certificados de qualidade, geralmente expostos
para o público, tanto na estrada quanto na cidade. A Petrobras
Distribuidora recomenda não deixar o combustível no tanque por mais de
dois meses para evitar a oxidação e a formação de goma, o que causa
entupimento no sistema de injeção do veículo. Para os lubrificantes, o
correto é efetuar a troca antes de viajar, nunca deixar para depois.
A
Shell recomenda ainda uma análise do filtro de combustível e verificar
se não há vazamentos no sistema - mangueiras de combustível, junções e
abraçadeiras dos filtros, tanque de combustível, além disso cheque se o
bocal do tanque está vedado. Case seja necessário abastecer em postos
"suspeitos" coloque a quantidade suficiente para chegar em um local
confiável, onde possa encher o tanque com produto de qualidade. Em
termos de lubrificantes, a empresa sugere os produtos top de linha, que
suportam melhor as variações climáticas, mantendo sempre a melhor
lubrificação do motor.
Filtros
A
primeira instrução dos fabricantes de filtros de óleo, ar e combustível
é utilizar produtos de boa qualidade, com garantia, e lubrificantes
homologados pelas montadoras. A segunda providência é efetuar as
revisões e substituições no prazo especificado no manual do
proprietário, pois a manutenção difere entre marcas e modelos. De acordo
com a Mann, os filtros de ar de veículos leves devem ser trocados entre
20 mil e 30 mil Km, enquanto os de óleo devem obedecer a mesma
quilometragem da troca do óleo lubrificante. Explique para seu cliente
que trocar o óleo sem substituir o filtro diminui a vida útil do
componente, pois a válvula de retenção retém o óleo "sujo" no interior
do filtro e do motor e impossibilita a saída de óleo já vencido do
sistema de lubrificação, o que compromete o funcionamento do motor. Já o
período de substituição dos filtros de combustíveis é mais difícil de
determinar, devido à qualidade dos combustíveis oferecidos no mercado,
por isso a fabricante orienta que sejam trocados entre 15 mil e 20 mil
Km.
Velas e Cabos
As
velas de ignição devem ser examinadas a cada 10 mil km e substituídas
quando apresentarem desgaste, já os cabos de ignição precisam ser
trocados a cada 50 mil km ou três anos. A NGK recomenda que o mecânico
inspecione todo o sistema de ignição, da qual fazem parte, além das
velas e cabos, os seguintes componentes: distribuidor, tampa, rotor,
bobina e módulo de ignição. Vazamentos de óleo e de combustível, velas
desgastadas e lavagem incorreta dos motores acentuam o desgaste dos
cabos de ignição. A falta de manutenção no sistema de ignição pode levar
a falhas no motor, dificuldade de partida a frio, queima de bobina,
rotor, tampa e desgaste prematuro do catalisador do veículo.
Faróis e lâmpadas
Todas
as luzes do carro devem ser checadas em uma revisão de férias, afinal a
iluminação correta é fator primordial para uma viagem segura,
principalmente a noite, sob chuva ou neblina. As recomendações da Valeo
incluem a verificação das lâmpadas, fusíveis e a regulagem dos faróis,
verifique se há sinais de infiltração de água, que pode queimar a
lâmpada e até danificar o refletor interno, com acúmulo de sujeira e
corrosão. As lâmpadas das lanternas, faróis alto e baixo, piscas, freios
e luz de ré devem estar funcionando perfeitamente. A Valeo lembra que
mais de 25% dos veículos que circulam pelas ruas da cidade de São Paulo
apresentam pelo menos uma deficiência no sistema de iluminação.
Limpador de pára-brisas
A recomendação geral é trocar as palhetas pelo menos uma vez por ano e
nas revisões de férias é necessário checar o estado da palheta, a
começar pelas lâminas que não devem estar rasgadas, soltas, tortas ou
danificadas. A Dyna instrui que o técnico observe se há resíduos,
arranhões, camadas finas de sujeira ou faixas d'água no decorrer da área
varrida pela palheta. A Valeo indica inspecionar a se a fixação da
palheta a haste do braço está firme, e sem trepidações e o nível de água
e detergente no reservatório. Ao instalar uma nova palheta limpe o
vidro com um solução de água e álcool, enquanto nas borrachas use apenas
um pano umedecido com água limpa.
Freios
O
principal sistema de segurança do veículo é o de freios, que requer
revisão geral em média, de acordo com a Bosch, a cada 15 mil km, e a
troca do fluido de freio a cada 12 meses ou 10 mil Km. Sempre que fizer
revisão verifique o nível do fluído de freio, o desgaste de lonas,
pastilhas, discos e tambores, e fique atento se há vazamentos no
sistema.
A Cobreq afirma que é imprescindível o uso de peças
originais, pois pastilhas e lonas de freio fabricadas com componentes
inadequados causam desgastes prematuros no tambor e no disco de freio,
comprometendo a eficiência de frenagem. Problemas como ruídos,
trepidações, perda de eficiência e pedal duro significam que o sistema
requer manutenção. Faça a desmontagem do conjunto para uma verificação
mais efetiva.
Suspensão
Outro
conjunto fundamental para a segurança e estabilidade do veículo é a
suspensão, e o roteiro da Magneti Marelli Cofap para a revisão inclui
uma análise visual nos amortecedores, examinando o estado do corpo
(amassados), das fixações (buchas) e vazamento do fluído hidráulico. A
empresa disponibiliza o equipamento Shocktester, que facilita esta
inspeção, determinando qual o nível de desgaste do amortecedor.
Verifique as molas, buchas, bandejas e pivôs e terminais. A substituição
preventiva do amortecedor deve ser a cada 40 mil, e bandejas, pivôs,
terminais a cada 50 mil km. Fique alerta para o perigo de utilizar peças falsificadas ou recuperadas.
Correia dentada
A
Goodyear recomenda a verificação de todas as correias a cada 15 mil km,
pois em caso de rompimento, pode causar irreparáveis danos ao motor.
Trincas nas correias, desgate lateral, desgastes de dentes na correia
dentada, é sinal de necessidade de troca. Ruídos, dependendo do caso um
retensionamento pode resolver.
A substituição preventiva da
correia dentada, de acordo com a Bosch, deve ser a cada 50 mil
quilômetros ou de acordo com as especificações do fabricante.
Sistema Elétrico
Revisar
o sistema elétrico do veículo, segundo a Bosch, inclui avaliação da
bateria, do motor de partida, do alternador e de todas as lâmpadas e
fusíveis. A Moura aconselha que o mecânico observe se há sinais de cor
esverdeada ou esbranquiçada nos terminais da bateria, que pode indicar
pontos de oxidação. Tenha em mãos os códigos de segurança do alarme e do
rádio, caso precise trocar a bateria. Mantenha os terminais dos cabos
bem apertados e em bom estado, além disso explique para seu cliente que é
necessário evitar que os equipamentos elétricos fiquem ligados por
muito tempo com o veículo parado.
Radiador
A MTE-Thomson recomenda que na revisão de férias o mecânico cheque a
válvula termostática quanto ao seu funcionamento, o radiador em relação a
vazamentos ou entupimentos, a bomba d'água, o sistema de acionamento do
ventilador do radiador e os marcadores de temperatura no painel. O
líquido de arrefecimento do radiador deve ser trocado a cada 30 mil km
ou pelo menos uma vez ao ano e depois abastecido com um novo aditivo,
geralmente na proporção de 50% de aditivo concentrado e 50% de água
limpa.
A Valeo recomenda que o mecânico verifique, com o motor
quente e funcionando, a existência de possíveis vazamentos de água nas
mangueiras e no radiador.
Pneus
A Michelin indica as seguintes precauções antes de uma viagem:
verificar o estado da banda de rodagem, dos flacos e se há desgaste
irregular dos pneus, além de calibrá-los com a pressão de ar recomendada
pela montadora, sem esquecer do estepe.
Em
relação à profundidade dos sulcos, a resolução 558/80, de 15 de abril
de 1980 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) estabelece em seu
artigo 4° que é proibido desgaste da banda de rodagem inferior o 1,6 mm,
valor denominado de TWI (Tread Wear Indicators ), cuja sigla está
ressaltada na região do ombro da rodagem do pneu.
É necessário
ficar atento ao substituir o componente, aconselha a Bridgestone, afinal
cada modelo de pneu tem um desenho e construção específica, por isso a
mistura de diferentes tipos num mesmo eixo pode causar desequilíbrios
direcionais, ou seja, a tendência de puxar para o lado ao rodar ou ao
frear. Lembre-se de fazer rodízio periódico para equilibrar os
desgastes.
O último procedimento da revisão dos pneus é o
alinhamento e balanceamento das rodas, que a Pirelli recomenda que seja
feito a cada 10 mil km. O alinhamento também é necessário quando trocar
os pneus, sempre que apresentarem desgastes irregulares, após fortes
impactos em buracos ou obstáculos, quando o veículo apresentar
tendências à deriva ou instabilidade e ao substituir os componentes da
suspensão. Já o balanceamento deve ser realizado quando o motorista
sente vibrações no volante, desgaste irregular localizado e ao efetuar
trocas. |
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